A população indígena do estado do Piauí


Durante muitos e muitos anos, se afirmou categoricamente que não haviam "índios" no estado do Piauí. Que foram dizimados e que nada mais havia de registro e legado de sua cultura, costumes e tradição. 

Com o passar do tempo, através de muita pesquisa, estudo e leis que auxiliaram nesse resgate cultural e populacional, esta afirmação foi refutada e hoje podemos também de forma categórica afirmar que existem indígenas SIM no nosso estado. E neste post você vai conhecer um pouco mais sobre os povos originários que habitam hoje o estado do Piauí.

Em 2021, no mês em que a pauta da população indígena brasileira está em destaque e na semana do dia 19 de Abril, falar sobre a população indígena é pertinente e necessário.



Nos livros e para o registro histórico, os indígenas exercem um papel folclórico, lendário, o que difere totalmente da realidade. O que aprendemos como descobrimento e colonização foi na verdade uma invasão e extermínio durante os séculos, o que resultou nesta escassez de informações, de registros de muitas das populações que habitaram grandes regiões do país.

Desde então, a destruição de biomas e a exploração incessante dos recursos e falta de pautas coesas para a preservação do meio ambiente nos traz para uma realidade preocupante também para os povos indígenas que tem, cada vez mais precisado se distanciar de áreas de florestas e estar cada vez mais em espaços menores e demarcados. Estados, como o Piauí e o Rio Grande do Norte, ainda não haviam nem iniciado esse processo.

Em 2020, houve o histórico registro do primeiro território indígena no Piauí. As populações que habitam o estado, que hoje estão divididas em 3 regiões estão junto ao INTERPI em processo de regulamentação e o registro das comunidades que habitam essas terras.

A primeira a conquistar esse direito foi a comunidade Serra Grande, de indígenas Kariri, localizada em Queimada Nova (a 522 km de Teresina).

“A gente considera ser uma conquista, apesar de tanto que a gente luta, porque aqui no Piauí não tem Funai. A gente tem nosso pedaço de terra registrado, estava conseguindo segurar, mas estamos cercados de grandes empresas e ter o documento é uma forma de nos respeitarem. E não estava fácil, há muito anos vem cobrando, para nos ajudar com a segurança das nossas terras, porque estão invadindo nossas terras” 

                                                                                        Cacique Francisca, do Povo Kariri


São 35 famílias, um pouco mais de 150 pessoas que estão há 10 anos na luta por esse registro e que se afirmam como indígenas e que vivem na terra hoje demarcada há mais de 3 gerações.

Além dos Kariris, no Piauí existem mais 2 povos em processo semelhante. Os indígenas Gamelas que habitam a região de Santa Filomena (925 km de Teresina) e os Tabajaras, na região de Piripiri (180 km da capital) que também tem registro de outros grupos da mesma população vivendo em Lagoa de São Francisco (193 km de Teresina), estes últimos vivendo da forma mais tradicional.



Retirar o véu das lendas é afirmar que muitas dessas populações não vivem em ocas e nem nas formações que nos são apresentadas nos livros. Com o passar das décadas, a luta para continuar existindo e resistindo, mesmo sendo retirado dessas populações muito da sua identidade cultural e costumes, os indígenas vem nos ensinando cada dia mais sobre o respeito e convivência com as tecnologias e de como elas podem ser aliadas na preservação de nossos bens naturais, para que todo o que conhecemos continue a existir.

A importância dos indígenas para o nosso território é imensa. Trazer a pauta e conversar sobre essa realidade é transformador. Que as populações indígenas do Brasil e do Piauí possam ter ainda mais seus direitos reconhecidos, com respeito e diálogo e que a preservação seja a palavra de ordem para o planeta, e uma ação de todos. Unidos e em paz.

Hoje no Piauí, a população indígena soma mais de 3 mil habitantes, até o momento apenas nestas quatro localidades existem registros de aldeias e populações. O trabalho é contínuo para conhecer que a história comece a ser contada por quem realmente a viveu.

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